sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Jovens do mundo unidos e em busca de diálogo


Agosto de 2011 marca o encerramento do Ano Internacional da Juventude, lançado pela Assembléia-Geral da ONU em agosto de 2010, e que trouxe como tema o "Diálogo e Entendimento Mútuo". O objetivo do AIJ é promover os ideais da paz, do respeito pelos direitos humanos e solidariedade entre gerações, culturas, religiões e civilizações.

Orientada por esse diálogo e entendimento com o Outro, conversei com jovens de diferentes nacionalidades que vieram à Alemanha para estudar e viver novas expêriencias. Eu os conheci no curso de alemão, em Bonn, e, assim como a brasileira aqui, eles sentiram as dificuldades da língua, perceberam rápido as diferenças culturais e, no final das contas, colecionaram diversão e diversidade. Conheça um pouco de Mariana, Bah e Kejun, três jovens, três continentes reunidos em Deutschland
  
MARIANA TAVERA, 20 anos, México
Desde cedo ela soube o que é  ambiente multicultural. Nascida e criada no México, ela transita entre seu país de origem e a Europa, para acompanhar o padrasto, holandês casado com mexicana e professor-visitante de universidade alemã. Além da língua espanhola, Mariana é fluente em inglês e vê o irmão de 10 anos, que também fala espanhol, evoluir no domínio do alemão e do holandês. Entretanto, as raízes da jovem são preservadas dentro de casa por meio da mãe, que faz questão de preparar comida mexicana para as refeições diárias, e de servir muitas tortillas, tacos e tequila aos convidados.  


Por que você está na Alemanha?
Meu pai é professor universitário e está dando aulas na Universidade Bonn, aí veio a família toda. Estou aproveitando para conhecer melhor a cultura e o idioma alemaes.

Entre as diferenças culturais, o que você aprecia e o que gosta nos alemães?
Gosto da postura das pessoas, pois elas respeitam e não criticam o estilo dos outros. Por outro lado, não gosto que sejam fechados, sigam sempre regras e tenham horário marcado para tudo.

O que vai guardar dessa experiência?
Aprendi a valorizar mais meu país, a gostar de coisas típicas do México, que antes não me atraíam. Morando na Alemanha, consegui ver que nao há sociedade melhor ou pior que outra, apenas diferente.

Mariana retornou para o México, após morar um semestre na Alemanha. Seu grande sonho é ser médica e ela foi tentar uma vaga para o curso em uma universidade do seu país. O irmão e os pais  dela também retornam em breve para a América do Norte.



MAMADOU DIONHE BAH, 25, República da Guiné
O jovem franzino, chamado pelos amigos apenas de Bah, veio da África em busca de uma vida melhor e de crescimento profissional, como resultado de seus estudos. Ele fala francês, língua oficial de seus país, mas se dedica agora ao alemão, pois quer ingressar em uma universidade na Alemanha. Enquanto estuda para alcançar uma cadeira universitária na Europa,  sua família continua na Guiné, cuja vizinhança tem um histórico de dor e violência causada por conflitos sangrentos, como os que ocorreram em Serra Leoa, Libéria e Costa do Marfim.

O que você faz na Alemanha?
Eu estudo alemão e, futuramente, pretendo entrar em uma universidade daqui para cursar Arquitetura. É um sonho que gostaria de realizar.

Qual a maior dificuldade que você enfrenta nesse país?
A dificuldade é o clima muito frio, ao contrário do meu país, que tem o clima quente. A língua também é outro problema, pois às vezes é difícil entendê-la durante as aulas do curso de alemão.

Você pensa em voltar para a Guiné depois de terminar os estudos na universidade?
 Eu não sei dizer, ainda. Por enquanto, quero ficar concentrado somente nos meus estudos e conseguir uma vaga no curso de Arquitetura. Talvez eu volte, mas sinceramente não sei se vou para ficar. Mas de qualquer maneira, quero ir para visitar minha família.

O que você mais gosta da vida em Bonn?
Acho o trânsito muito organizado, não tem engarrafamento. Outra coisa legal é que posso encontrar muitos estrangeiros, inclusive, já tenho vários amigos de países diferentes.

Bah é fã de futebol e joga nos finais de semana no gramado do Hofgarten, em frente ao prédio central da Biblioteca de Bonn. Nesses jogos, composto por jovens de diversas nacionalidades, a presença de africanos é expressiva. Jogam de forma alegre e desenvolta. Aliás, Mamadou Bah parece conhecer o futebol do Brasil, pois de vez quando se punha a me perguntar sobre Ronaldinho e Kaká.


KEJUN XIA, 23, China
Usuário assíduo de computadores, o jovem chinês é um verdadeiro representante da geração Y. Está sempre conectado à internet, gosta de jogos eletrônicos e programação de computadores. Cercado por um pequeno aparato digital, Kejun navega na internet pelo celular, lê  textos pelo E-Reader (leitor digital) e consulta vocabulário alemão teclando no dicionário eletrônico. Ele quer associar a informática a seu futuro profissional.

Por que você quis vir para a Alemanha?
Vim por causa dos estudos. A educação aqui é de alta qualidade e custa mais barato que em outros países, como Estados Unidos e Austrália. Quero fazer fazer mestrado na Alemanha, em Geografia, com concentracao na área de Geodésia ou Geoinformática.

Você planeja continuar no exterior depois do mestrado?
Quero ficar aqui por, pelos menos, cinco anos. Talvez conseguir um trabalho para adquirir experiência profissional depois do mestrado, mas também poderia retornar para a China ou morar em alguma metróple da Ásia, como Seul*.

O que você gosta e o que não gosta na Alemanha?
Gosto da limpeza, as ruas estão sempre limpas. Em se tratando Bonn, aprecio o ambiente internacional da cidade, onde podemos encontrar pessoas do mundo inteiro a qualquer hora. E o que não gosto? Dos meus vizinhos. Eles sempre reclamam que faço barulho e isso é chato. 

Voce usa bastante tecnologia e internet no seu cotidiano. Apesar desse consumo, o governo chinês impõe restrições ao uso da informação via internet. O que acha dessa limitação obrigatória sobre alguns conteúdos da rede mundial de computadores, que ocorre na China?  
Acho bom ter um limite porque muitos meios de comunicação escrevem informações erradas e acabam deturpando o que acontece no meu país. Com esse filtro, há mais controle sobre as informações que saem na mídia. Também não me atrapalha, pois nós (chineses) temos um software especial que nos permite  entrar na internet e participar das redes sociais.

Kejun mudou-se para Dortmund, depois de conseguir vaga em um curso preparatório para o Test DaF - exame oficial que certifica os conhecimentos da língua alema e que é exigido pelas universidades a alunos estrangeiros. O jovem vai tentar vaga na universidade ainda este ano e, para isso, vai se inscrever em instituições de diferentes cidades da Alemanha.

*Seul, capital da Coréia do Sul. O país tem a conexão de internet mais rápida e mais barata e Seul é considerada a capital mais plugada do mundo


Veja o vídeo em que a ONU promove o Ano Internacional da Juventude (2010-2011) 

                                     
Entrevista e fotos: Januária Oliveira
Vídeo: Youtube, pelo link do site unicrio.org.br/juventude2010-2011/

domingo, 7 de agosto de 2011

Razão e romantismo nas cidades



Düsseldorf*
Quem disse que os alemães não são sentimentais?

Reservados nas demonstrações públicas de afeto, 
eles revelam a arte de amar por um outro caminho. São as figuras estáticas, erguidas nas cidades e que, em gestos de carinho eternizados, denunciam o romantismo que  há por trás de corações nada racionais. 

* Monumento artístico em Düsseldorf
Casal no centro de Bad Godesberg
sentimo-nos inspirados

 Fotos: Januária Oliveira