quinta-feira, 24 de maio de 2012

Criatividade e lápis: surge vida em um quadrinho

Sempre gostei de quadrinhos. O desenho e a palavra escrita, juntos, sao um artifício visual que pode falar de muitas coisas de maneira livre, desenrolada. Um hipertexto de imaginacao que extrapola os limites da superfície rabiscada.

Este ano conheci Jonas Fink - um jovem em Praga, primeiro título da série criada por Vittorio Giardino. Jonas é filho de burgueses. O pai é médico. A mae, professora de frances. Os comunistas tomam o poder e o Estado é totalitário. A situacao é complicada para a classe burguesa. O cotidiano do menino ilustra um pouco a vida difícil em Praga, sob o regime comunista nos anos 50.



 

A primeira edicao de Jonas Fink me empolgou e deu vontade de ler as outras publicacoes da série. Empolgacao nao somente por conta do texto, que reconta a ditadura soviética de modo enxuto, sutil e, ao mesmo tempo, intenso, mas também por conta dos ótimos desenhos, que aproxima o leitor daquele cenário histórico politico.

Gosto das linhas de Giardino, construídas em cenários realistas, rostos expressivos e corpos curvilíneos. Os personagens femininos me fazem lembrar do tracado de Milo Manara.

E as Historias em Quadrinhos já nao sao, há muito tempo, leitura apenas para crianca.

O mercado de HQs adulto é bastante sólido e movimentado. Falo nao só só dos quadrinhos eróticos, a exemplo de Manara e de alguns trabalhos do próprio Giardino, mas adaptacoes de clássicos da literatura universal e também de temas relacionados a guerras e conflitos que explodem em diferentes regioes no mundo.

Há diversas obras. Cito, por ora, apenas algumas que tive oportunidade de ler, como Persepolis (Marjane Satrapi), e adquirir, como Palestina (Joe Sacoo) e Berlin (Jason Lutes). Tais mídias sao categorizadas como Graphic Novel, pois sao formatadas como livros e, tanto o material empregado na confeccao quanto a narrativa, tem características diferentes das das revistas em quadrinhos - embora sejam, basicamente, desenho e texto, como as HQs tradicionais.

Na Alemanha há muitas producoes e eventos ligados ao universo dos HQs/Comics/Graphic Novels. Um dos importantes é o InterComic, que visitei ano passado, na cidade de Colonia (Fotos aqui). Em Bonn, houve uma exposicao sobre Anime que contemplou também, em parte, o trabalho dos quadrinistas. Já no dia 12 de maio teve a terceira edicao do Dia do Comic, em que lojas especializadas oferecem, de graca, revistas em quadrinhos.

Exposicao Anime no Bundeskunsthalle, em Bonn

Nao é permitido tirar fotos dentro das salas de exposicao

Fica o registro da tela digital colocada na fachada do museu


Mas nao só entre alemaes os Comics fazem sucesso, franceses e belgas também se dedicam com prazer a essa arte. Asterix e Obelix (Franca) e Lucky Luke (Bélgica) estao há um tempao fazendo a alegria de geracoes.


* A minha dica para voce que gosta de filmes adaptados de quadrinhos é o longa metragem Persepolis (2007). Além de bem produzido, dinamico, cheio de humor e locucoes afinadas, o filme é bastante fiel à Graphic Novel.

Fotos: Januária Oliveira

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