domingo, 13 de março de 2011

Aquele outro

Como jornalista, sempre me interessei por assuntos internacionais. Busco informacoes e procuro acompanhar - até mesmo para tentar entender - o que se passa em outros países.  Mas é curioso como as coisas ganham um valor diferente, dependendo do lugar onde se está. 

No Brasil, mesmo tentando estar por dentro dos acontecimentos,  aquilo que a gente ve na televisao e le nos jornais sobre, por exemplo, conflitos no Oriente Médio ou catástrofes naturais na Ásia parece que estao tao distante de nossa vida que, algumas vezes, ficamos alheios, insensíveis diante dos fatos.
   
O teórico de Comunicacao, Mauro Wolf, diz que, quanto mais próximo se está do local de um evento, maior será o interesse para a producao de uma notícia e maior será o interesse do público local em consumi-la. Essa proximidade geográfica é, segundo ele, um dos critérios de noticiabilidade.

É claro que se alguém do Brasil tem familiares que moram, trabalham ou, de alguma forma, estao envolvidos em acontecimentos graves de outros países, o interesse e a empatia por eles sao instantaneos. 

De outro modo, as tragédias do estrangeiro passam da mídia para os olhos e ouvidos de um jeito meio passivo. Vez ou outra, pode até ocorrer um comentário, uma lamentacao, mas, no geral, as coisas sao tratadas como algo bem afastado de nós.

Depois da notícia do terremoto, seguido de tsunami no Japäo, um colega de Sao Luís escreveu no Facebook: “Éguas, no Japao o bicho tá pegando!!!”. 

Näo estou tao próxima geograficamente daquele país, mas meu vizinho (e amigo) é japones e ele nos conta o que a  família dele, que vive em Tóquio, vai lhe repassando de informacoes e impressoes, após a catástrofe. 

Nesse caso, nao há exatamente uma proximidade geográfica. É, para mim, mais proximidade afetiva. 

No entanto, é inegável que a mudanca de endereco transforma um pouco a perspectiva do nosso olhar, de nossos interesses e até a nossa absorcao frente alguns acontecimentos. Com isso, aquele estrangeiro já nao parece mais tao longínquo.  


4 comentários:

  1. janu, também ouvi comentários do tipo "ainda bem que moramos no brasil e aqui não temos esses problemas de terremotos, tsunamis". isso, definitivamente, passa o sentimento de que estamos "longe" desses acontecimentos do outro lado do globo.
    não sei o que pensar. sei mesmo é que por aqui esses problemas de ordem natural também têm acontecido, guardadas as devidas proporções. tivemos uma chuva daquelas no sábado!
    beijos, querida amiga!

    ResponderExcluir
  2. a distancia territorial acaba nos tornando indiferentes às tragédias humanas. Mas dentro do próprio Brasi, a dor alheia passa batido. Quando eu estava no Rio e as enchentes ocorriam no Maranhao, uma maranhense q mora lá, falaou assim: "q coisa, o Maranhao tá debaixo d´água". Mas na voz desse lamento tinha uma frieza tao grande, que soava quase como um deboche. Enquanto isso, virou marido dela carioca, e disse: "Ah, ninguém fale mal do MA perto d mim. Aliás, nem fale do MA perto de mim (e soltou uma gargalhada)". Ás vezes estamos longe, memso estando perto. Ju, um beijo!

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Oi amores...em relação ao assunto prefiro acreditar que diante de tanta indiferença ainda existem aqueles( e pra mim não são poucos) que, independente da barreira geografica,ainda se compadecem com a miséria alheia. Seja na forma de ajuda financeira ou com uma simples ( e nem por isso menos importante) oração podemos manisfestar nossa solidariedade frente as desgraças do mundo.Claro que esses tipos de comentários citados por vcs são absolutamente dispensávéis. Sou da filosofia: SE NÃO PODE AJUDAR, ENTÃO NÃO ATRAPALHA!!!Bjs

    ResponderExcluir